Por algum tempo desejei relatar o que vem acontecendo comigo nos últimos anos. Não quero que minhas palavras se fragmentem como pergaminhos antigos ou exalem o aroma de velhos mapas, mas desejo que elas reflitam meu profundo interesse em tais coisas. Quero contar uma história sobre uma viagem que estou empreendendo, uma viagem j que vai além de todas as fronteiras conhecidas, e que discorre sobre possibilidades, em vez de abordar as coisas prosaicas que já conhecemos.           Há precedentes em tal empreendimento. Cristóvão Colombo estava em busca do Paraíso quando partiu para sua viagem épica através do Atlântico*. Vi suas anotações sobre isso em um estudo do francês Pierre d'Ailly o Tractatus de Imagine Mundi - uma visão do mundo imaginário. Ele e Colombo (que, segundo me disseram, levou o estudo de d'Ailly em sua viagem ao Novo Mundo) estavam ansiosos para revelar, com perfeição, o que não fora ainda descoberto. *Colombo foi, também, muito influenciado pelo geógrafo grego Strabo que corroborava a opinião de Homero quanto à esfericidade da Terra. Strabo acreditava que os quatro pontos da bússola haviam sido situados de alguma forma diferente da que usamos, pois: "Se a extensão do Oceano Atlântico não fosse um obstáculo, nós passaríamos, facilmente, da Ibéria para as Índias, ainda no mesmo paralelo." Colombo ten- tou seguir o paralelo mencionado por Strabo. Se tivesse tido sucesso na empreitada, teria chegado a Nova York, em vez do Caribe. Além do mais, presumindo, como ele, que o continente americano não existia, então ele teria avistado terra ao norte do Japão, um pouco ao norte da Índia de Strabo. Reforçando a opinião de que Colombo parecia estar procurando o Paraíso, temos uma carta para Ferdinando Martins, cônego em Lisboa, escrita por um certo Paulo, o médico em Latim,
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